TV Programas, 354 (26-02-1968)

RENATO Aragão, o moço cearence que a tevê carioca revelou para o Brasil, é da mesma opinião de Carlos Alberto e faz côro a Jô Soares ao afirmar: - O sucesso, no campo humoristico, depende de muita coisa. Depende de um bom «script», depende do dia da semana e também do dia do mês, pois quando está «duro» o público não ri de forma alguma, nem diante da mais engraçada piada do mundo.

— Exite vantagem em escrever os próprios «script»?

— Certamente. Eu escrevo meus programas e ninguém melhor do que eu poderá sentir o momento exato de encaixar as «gags». 0 redator que escreve para outro interpretar não poderá jamais sentir êsse momento.

— Como você se situa entre os atuais humoristas brasileiros?

— Agora você me pegou desprevenido. Essa é uma pegunta... Bem, não sei, existe muita gente boa por aí e não sei se chego até êles, sabe como é. Eu admiro muito Ronald Golias e também Chico Anísio. Acho o Golias mais engraçado e Chico mais inteligente.

— E a chanchada?

—. Não sei se chanchada é humorismo ou se humorismo é chanchada. Antigamente, chanchada era um termo utilizado no sentido pêjorativo. Hoje, já se admite a chanchada como sendo humor para criança. No meu caso, não sei em que posição ficaria; só sei que se procuro fazer humor mais fino do que costumeiramente, não é êle aceito pelo público. Todos já se acostumaram ao meu estilo. Fiquei mesmo entre admirado e satisfeito quando a critica especializada negou-se a classificar de chanchada o filme «O Adorável Trapalhão» que acabo de fazer, pois não tive, nêle, a menor preocupação de fazer humorismo adulto. É uma estória infantil, quase um conto de fadas, mas foi bem aceito por todos, infelizmente.

— Você tem um filho que parece disposto a seguir os passos do pai, não é verdade?

— Relamente, meu filho, o Paulinho, teve até um programa especial aqui no Rio, o «Essa Gente Inocente», mas decidi tirá-lo do negócio, pois de primeiro aluno na escola êle passou ao 10º lugar. Assim, preferi afasta-lo, por enquanto, do meio artístico. O garôto ficou um pouco sentido, mas logo se conformou. Quem sabe no futuro...

— Para terminar, Renato, vale a pena ser humorista no Brasil?

— Sim, ainda vale, e muito, pois temos aqui o melhor público do mundo, indiscutivelmente.

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